terça-feira, 20 de março de 2012

Cartas ao meu pai

" Pai,

Essa é a carta de um filho seu que nunca te viu. Aliás, não sei se chegará em condições reais de ser lida com clareza, até porque sei que como o senhor é muito ocupado, talvez não tenha muito tempo para interpretar cada linha da mesma forma e carinho que trato, aqui então, escrevendo. Fico triste. Triste mesmo.

Não sei o que tenho dentro de mim que me faz cada dia mais pensar em você. Sempre olho para o carrinho que me deu há um bom tempo atrás e que hoje ocupa um lugar específico do lado da unica foto que tenho do senhor, e lembro. Lembro de coisas que não vivi. Lembro do abraço que não pude dar, lembro dos choros a noite que sempre ficava esperando meu super herói vir me acalmar e daqueles maravilhosos dias de Sol em que ficava tempo conversando sobre meu dia e sobre seu trabalho a beira do mar. Era normal, mas hoje sinto falta. Sinto falta de ter alguém para viver comigo tudo isso e, com sua morte, parte disso tudo foi tirada. Tirada da pior forma. Fazíamos planos para nossas férias, para o meu aniversário de 16 anos e agora? E agora o que vejo são vagas lembranças de momentos que daria tudo e mais um pouco para poder voltar atrás.

Papai, não sei o que acontece com meus amiguinhos. Eles tratam seus pais como se fossem um nada. Costumam xingá-los quando não deixam sair. Gostaria de ter coragem de dizer o quanto isso me faz falta. A mamãe ainda chora todas as noites, infelizmente. Não sei o que fiz para  o Papai do Céu com tudo isso. tanta gente tendo pai e mãe e não dá valor.. e poxa, eu querendo de volta... Eu daria tudo. Tudo mesmo papai. As pessoas daqui da Terra não sabem amar. Falam "eu te amo" como se fossem bom dia, acabam iludindo as outras e sem motivo algum. Tudo é levado pelo dinheiro. Não sei se o Senhor sabe, mas semana passada eu terminei com a Carol. Lembra dela? Eu te escrevi uma vez sobre ela, sobre seus cabelos longos morenos que me faziam bem. Toda vez que ouço Teatro Mágico acabo me deparando com ela. Deve ser porque eu gosto né? Mas papai.. o pai dela fez a gente terminar porque disse que eu não era totalmente responsável pra ficar com ela. Chorei bastante. Pensei que não iria mais sair daqui. Estranho, mas por alguns momentos pensei que te vi na minha porta, corri te abraçar, contudo ,era apenas imagens da minha cabeça. Infelizmente.

Papai, o que eu mais gostaria agora era que o Papai do Céu me desse alguns instantes com o senhor para eu poder te dar um abraço. Um abraço bem demorado, daqueles de urso! Se fosse possível uma coisa, gostaria que fosse essa. Nada mais. Meu aniversário está chegando e já não é mais a mesma coisa sem você. Papai, cuida da mamãe e da Carol aí de cima tá? São as duas pessoas que mais gosto no mundo e acho que são as unicas verdadeiras também. Consola o coração da mamãe e pede para o Papai do Céu, por um momento, por um leve discuido, na proxima vida, fazer as pessoas que eu mais amo serem para sempre, pois é dificil pensar que muita gente tem tudo e não dá a minima e eu? Bem, eu, não sou nada,  mas merecia ser feliz. Pelo menos um pouco né?

Papai, te amo tá?

Com carinho, 
Julio.


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Curiosamente, o estilo das cartas tinha sido um dos unicos que eu não tinha ainda utilizado aqui no blog. Adoraria ter outros tipos de inspiração para escrever uma carta maravilhosa, contudo, a primeira imagem que veio à minha mente foi essa. Não sei porque, mas tinha algo me dizendo que precisava escrever sobre uma perda, sobre a falta que alguém pode fazer. E, pois é: na maioria das vezes esperamos perder para expressar realmente o que sentimos, esperamos que uma outra pessoa tome a iniciativa de falar que gosta. Por que isso? Por qual motivo esperar o amanhã? Há momentos que as palavras já não são mais suficientes para demonstrar coisas que somente o coração pode demonstrar. Não deixe que oportunidades se vão, não deixe que a esperança morra, não permita que o que você tem de mais bonito se torne algo comum, vulnerável a tantas quantas porções de tristezas que o mundo proporciona. Faça valer a pena sua vida, seu amor, seu coração. 

domingo, 4 de março de 2012

A pior doença do mundo


Vamos dizer que a partir de ontem, comecei a tentar relacionar o tamanho do meu aprendizado até aqui. Com 19 anos, fica um pouco mais fácil compreender o tanto de coisas que fiz e posso me orgulhar, assim como o tanto que percebo que cometi atitudes não tão legais assim. Todos nós conhecemos a nós mesmos, sabemos os nossos defeitos e qualidades. Ilustramos, algumas vezes, características do próprio carater, a ponto de se definir como melhor em determinado aspecto. Mas, bem.. vou tentar caminhar o meu texto à direção consequente do titulo em questão..


Quando coloquei "doença", boa parte das pessoas tem a imagem de um hospital, deitado em uma cama, tomando soro e recebendo atendimento médico. Fisicamente, seria bem por aí. Algo um tanto quanto normal que seria fácil de expressar. Só que o mais importante agora também não é isso. Todo homem, desde pequeno, tem o direito de ser livre. Ser livre com pensamentos e ações. Até atingir a maioridade, existem diversas barreiras comprometedoras que a sociedade impõe, de modo com que, a pessoa perceba (ou pelo menos, tente) a intenção e, principalmente, a consequência de cada ação cometida pelo individuo. Em questão, o comportamento é cometido pelo individuo e julgado pela sociedade que, nem sempre toma a melhor decisão ou tem a melhor solução.


(Considerando a liberdade do homem em pensar e agir, é necessário também conotar a lei da reação. Tudo o que é feito, reage a favor ou contra essa pessoa ou interfere no meio)

A pior doença que existe é a que chamo de doença de personalidade. Ela é causada emocionalmente e ocorre quando uma pessoa sabe que tem um defeito e não decide mudar, de forma com que esse deslize vire um desmoronamento. Tudo o que temos, as nossas características vão se tornando menos impulsivas com  o tempo e, com isso, adquirem mais força. O que, no futuro, pode acarretar um sofrimento maior. O pior doente é aquele que não aceita o tratamento e vai morrendo aos poucos pela sua dor. O mesmo acontece com as dores de personalidade. A pessoa sabe que a tem, não faz nada (ou quase nada) e, acha que tudo está bem, que tudo está normal. Até que chega o momento em que a dor é maior e pode levar  um sofrimento. Por um lado, se torna uma escolha humana. Então, nem todo sofrimento acontece porque tem que acontecer. Alguns podemos escolher!






Na vida, temos apenas duas certezas: o amor e a morte. Ame e viva enquanto pode. Não viva doente. Leve sempre um sorriso no rosto e a felicidade. Tudo tem um jeito. As coisas podem ser melhores se você quiser.